sábado, 30 de abril de 2011

DOUTRINA PRECEDE A AÇÃO




Doutrina Precede a Ação 

ARAÇATUBA

Antonio Cesar Perri de Carvalho
O autor reflete sobre sua recente participação em reunião para ampliar atuação dos espíritas em tradicional instituição filantrópica.
Recentemente, participamos de reunião promovida pela USE Municipal de Araçatuba, nas dependências do Hospital Benedita Fernandes, tendo como pauta a discussão de formas para se ampliar a atuação dos espíritas na instituição fundada pela dedicada pioneira.
De início, evocamos fatos históricos, sintetizando relatos feitos em nossa obra "Dama da Caridade". Para bem assinalar a homenagem à benfeitora, distribuímos a página "As grandes obras da mãe Dita, de Araçatuba" (O Revelador, nov. 1947, p. 16), com transcrições do discurso do deputado estadual Waldy Rodrigues - registrando a então recente desencarnação de Benedita Fernandes, com destaque para a sua atuação como "símbolo de bondade, um símbolo protetor dos necessitados" -, devidamente publicado pelo Diário Oficial do Estado de São Paulo (24/10/1947).
Todavia, no transcorrer da aludida reunião, meditávamos que o episódio era extremamente significativo e ilustrativo e, externamos nossa opinião.
Em vários momentos a comunidade espírita de Araçatuba tem sido chamada para colaborar com o equacionamento de necessidades do citado nosocômio. Diga-se de passagem que é desdobramento da Associação das Senhoras Cristãs, entidade assistencial pioneira na alta Noroeste, fundada por Benedita Fernandes nos idos de 1932. Outras obras assistenciais mantidas pela mesma Associação desapareceram na primeira década após a desencarnação da grande obreira.
Na oportunidade, fizemos o relacionamento com outro caso da mesma cidade - nossa terra natal -, em que uma entidade assistencial dedicada a crianças, passou por experiências difíceis por quase duas décadas. A experiência do funcionamento de uma obra assistencial espírita sem a base de um núcleo doutrinário não foi bem sucedida. A questão foi definitivamente encaminhada a partir do momento em que foi criado o Centro Espírita junto à instituição beneficente.
Nossos pioneiros trabalharam em outras situações, geralmente muito adversas, em que as necessidades prementes da comunidade tocavam em seus espíritos, induzindo-os a ações rápidas e muito bem intencionadas para minorar o sofrimento material e espiritual do próximo. Aliás, temos destacado em várias publicações nossas que, graças a este trabalho em favor da construção de uma nova sociedade, os obreiros da primeira hora foram os grandes responsáveis pela queda dos preconceitos e dos movimentos de perseguição contra os espíritas do passado. Os espíritas passaram a ser reconhecidos pelo trabalho de dedicação pelo próximo e assim respeitados. Os nobres esforços de Benedita Fernandes se inserem neste contexto histórico do Espiritismo brasileiro.
Todavia, o trabalho de abrir "picadas" ou até de "pronto socorro" precisa ser, concomitantemente, consolidado com bases que garantam a continuidade de propósitos e de recursos humanos preparados dentro do mesmo ideal.
A experiência ao longo desses anos de movimentações espíritas tem demonstrado que idealmente a atividade assistencial deve ser uma decorrência da ação de um grupo de espíritas que se harmonizam no enlaçamento com a Doutrina nas reuniões e na convivência propiciadas pelo Centro Espírita.
Atualmente, parece-nos muito claro que a tarefa principal dos espíritas não é a assistência social. O Centro Espírita é a base do movimento espírita. Este tem como finalidade divulgar a Doutrina Espírita. Entre suas ações surgem também os trabalhos de promoção e assistência social. O Centro e a sociedade são autênticos laboratórios para o exercício do trabalho, da solidariedade e da tolerância, com base no conhecimento oferecido pelo Espiritismo. Idealmente a Doutrina deve preceder a ação.
São Paulo - SP

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